DOENTES COM ALZHEIMER PODEM RECUPERAR MEMóRIA MESES ANTES DA MORTE

Um novo estudo aponta que pacientes com Alzheimer e outras demências em estado avançado podem experienciar episódios de lucidez até seis meses antes de morrerem

Os pacientes com Alzheimer ou outros tipos de demências em fase avançada podem recuperar brevemente a memória antes da morte, em alguns casos no decorrer de um período que pode chegar aos seis meses anteriores ao final da sua vida. As novas conclusões constam de um estudo recém-publicado na revista científica norte-americana “Alzheimer’s and Dementia”, que procurou analisar episódios de lucidez em pessoas que se encontram nos estágios finais destas doenças.

Até agora, predominava entre os especialistas a tese de que os casos de reversão temporária da memória ocorriam apenas horas ou dias antes da morte dos doentes.

Os autores do estudo entrevistaram 151 cuidadores informais, que facultaram informações sobre “os episódios observados, a proximidade da morte, o estado cognitivo [do doente], a duração, a qualidade da comunicação e as circunstâncias que antecederam os episódios de lucidez em até dois episódios”.

Da referida amostra, cerca de 20% dos cuidadores mencionaram que o paciente correspondente teve um episódio de lucidez sete dias antes da morte, enquanto que mais de um terço referiu que o doente em causa recuperou a memória uma semana a seis meses antes da morte.

A maioria dos pacientes (48%) viveu “mais de seis meses após o episódio de lucidez”. De acordo com o estudo, estes casos “coincidiram com visitas de familiares, mais frequentemente de crianças que não viviam com os doentes e que tinham menor contacto com eles".

Os relatos dos participantes sugerem que as visitas raras ou não habituais podem desencadear um período de consciência por parte de um doente. Estas reações também podem ser espoletadas por outros estímulos externos como a música.

Os investigadores advertem, no entanto, que o estudo tem algumas limitações, já que os testemunhos apresentados dependem de interpretações subjetivas do comportamento dos doentes que, sendo encarados como um episódio de lucidez pelos cuidadores, podem não constituir um desses casos.

Nesse sentido, os autores apelam à realização de mais estudos para confirmar este tipo de episódios numa amostra mais heterogénea de doentes e de prestadores de cuidados.

"Uma compreensão mais profunda das reversões temporárias da capacidade cognitiva pode abrir caminho para induzir alguns tipos de episódios de lucidez e prolongar a duração de outros", declararam.

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