PRIMEIRA MAMOGRAFIA AOS 40, 45, OU ATé ANTES? AS RECOMENDAçõES DIVIDEM-SE.

No nosso país, o cancro da mama é considerado um problema de saúde pública, sendo o Programa de Rastreio de Cancro da Mama de base populacional executado pela Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC), em colaboração com as administrações regionais de saúde, respeitando as directrizes europeias do rastreio do cancro da mama. Em declarações à National Geographic Portugal, Vitor Veloso, presidente da direcção da LPCC sublinha que, neste momento, “a mamografia é a melhor ferramenta de que os médicos dispõem para descobrir o cancro em fase precoce”. 

Na sequência da divulgação do último Registo Oncológico Nacional (RON), a Direcção-Geral da Saúde (DGS) anunciou que vai divulgar ainda neste semestre um documento alinhado com as últimas recomendações da União Europeia: antecipar a primeira mamografia em cinco anos e estender o rastreio até aos 74 anos de idade. Esta mudança, a acontecer, poderá estancar uma tendência identificada no mais recente RON: em 2020, registaram-se mais novos casos de cancro da mama em mulheres da faixa etária dos 45 aos 49 anos do que nas faixas etárias subsequentes (50-54, 55-59 e 60-64 anos). 

Actualmente, o programa português do Serviço Nacional de Saúde oferece mamografias bienais a mulheres com idades compreendidas entre os 50 e os 69 anos, com base num equilíbrio positivo entre os benefícios do rastreio e os riscos inerentes de sobrediagnóstico e tratamento excessivo. À National Geographic, o presidente da direcção da LPCC confirma que “já foi comunicado à DGS o nosso parecer favorável e recomendável em relação à antecipação da mamografia a partir dos 40 anos.” 

O CASO DOS EUA

Esta declaração de Vitor Veloso foi feita na sequência da recente actualização, nos EUA, das directrizes da US Preventive Services Task Force (USPSTF), que baixou para os 40 anos a idade recomendada para iniciar as mamografias de rastreio do cancro da mama. Esta alteração surge em resposta a um aumento da incidência do cancro da mama nas mulheres mais jovens e visa melhorar as taxas de sobrevivência através da detecção precoce

Um organismo independente do governo americano, a USPSTF concluiu, na sequência de uma revisão sistemática, que a mamografia bienal oferece um benefício líquido modesto para as mulheres com idades compreendidas entre os 40 e os 74 anos. No entanto, as provas são insuficientes para determinar os benefícios e os riscos em mulheres com mais de 75 anos de idade e na utilização de técnicas de rastreio suplementares, como a ultrassonografia ou a ressonância magnética, independentemente da densidade mamária.

AVALIAÇÃO E PERSPECTIVAS FUTURAS

À medida que os debates e a investigação prosseguem, é crucial que as mulheres sejam informadas e consultem os seus médicos para tomarem decisões baseadas numa compreensão completa dos riscos e benefícios do tratamento do cancro. No portal da LPCC, há um conselho dirigido a mulheres, mesmo que assintomáticas, não visadas pelo Programa de Rastreio de Cancro da Mama: “Se ainda não atingiu os 50 anos, deve procurar ser seguida pelo seu médico de família ou ginecologista.” Para a detecção precoce do cancro da mama, a Liga recomenda que as “mulheres que apresentem um risco aumentado, relativamente à média, de ter cancro da mama devem falar com o seu médico acerca de fazer uma mamografia antes dos 40 anos, e saber qual a frequência para as próximas.”

A adaptação das recomendações de saúde pública às realidades emergentes e às provas actualizadas será fundamental para melhorar os resultados em termos de saúde para toda a população feminina. No nosso continente, a recomendação do Conselho da União Europeia, de 2022, contempla ainda uma futura utilização de tomossíntese mamária digital ou mamografia digital. A utilização de ressonância magnética “deve ser considerada quando clinicamente adequada.” 

Actualização da notícia às 16h00 de 8 de Maio de 2024. 

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